domingo, 19 de fevereiro de 2012

Romance do Galo em três actos (O Castigo)

Acto 2 - O Castigo

Às mordomias da capoeira
O Galo estava habituado
De tanto correr encostou-se a um barroco
Pois já estava muito cansado.

Foi fácil aos caçadores
O fanfarrão apanhar
Não o mataram logo ali
Para na aldeia o julgar.

Montou-se debaixo da árvore
Um julgamento a valer
Juíz, testemunhas e povo
Todos ali, para o Galo abater.

Os pescadores da ribeira
Petisco deixaram de apanhar
Nem para eles, nem para o juíz
Nem para ao vigário levar.

As raparigas que à ribeira
Antes a roupa iam lavar
Queixaram-se desgostosas
Que deixaram de ter sítio p'ra namorar.

As rodas do moínho
Sem água corrente , não mais funcionaram
E os lavradores da aldeia
As vêgas deixaram de regar.

De tantas queixas haver
Em fúria estava a multidão
Vendo isso o velho juíz
Prontamente apresentou a decisão.

"Morra o Galo, morra o Galo!"
Ouvia-se o povo gritar,
"Se é culpado dos males da ribeira",
disse o juíz, "O Galo vamos matar!"

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